terça-feira, 22 de novembro de 2016

Choque de Distâncias.

Era tão simples e natural
Soluço ao lembrar do tempo
Em que não sentia esse calor infernal
Com teu menor movimento

Teus motivos são desconhecidos
Mas tento sempre uma explicação
A vida tem sabor de amor proibido
E os sonhos aroma de prazer e emoção

Teu rosto é um mero artifício
Quando penso na espessura de tua pele
Uma história sem início
Que a loucura desesperada impele

Teu nome é um mantra
Quase como uma oração
Em teu ser minh'alma encontra
A pureza da admiração

Tua imagem me atordoa
Agride tão feroz o meu peito
Que por todo o corpo ressoa
Sem permissão nem respeito

Sim, eu te culpo
Por essa tortura sofrível
Teu pecado, teu insulto
Provocar o impossível

Não sabes o que passo
Quando estás junto a mim
Temo que em algum abraço
Meu sufoco não tenha fim

Não sabes o que sinto
Quando miro teus olhos vidrados
Desvio e sou quase extinto
Morto até ser despertado

Não sabes o que penso
Em meio à rotinas incessantes
Noutro plano quente e denso
Torno tuas noites mais picantes

Lamento muito não te ver
Mesmo sabendo que assim é melhor
Essa insana paixão tem muito poder
Mas a razão é ainda maior

As circunstâncias são claras e irredutíveis
Mas onde sou rei prova de minhas carícias
Contando minutos impassíveis
Pra beber desejo, amor e outras delícias


Samuel Garcia
Piratini, 22/11/2016

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Vida Carnal.

Confesso que sou feliz
Talvez como nunca fui
Longe da dor o destino me quis
Mas essa distância só diminui

Bem que eu poderia ser incapaz
De discernir o que é do futuro
E viver sem esse medo fugaz
De topar com algum mal obscuro

Consequências irreparáveis
Gravidades devastadoras
Memórias e cicatrizes inapagáveis
Desgraças aqui moradoras

Tudo isso procuro evitar
No gozo desse presente triunfante
Eu sei que é inútil premeditar
Aquilo que muda a cada instante

Digo que sou agraciado
Todo meu sofrimento me fortaleceu
E serei plenamente agradecido
Se comprovar que assim permaneceu

Tento muito compreender
A seriedade de uma surpresa
É como a estratégia de um poder
Que visa atacar sua fraqueza

Pessimismo e precaução
São tão iguais quanto diferentes
Inexiste doutrina sem reflexão
E sigo entre passos confusos e impacientes

É provável que eu seja desesperançoso
E tenha em mim uma mágoa contida
Que vê a falha no mais certo duvidoso
E desdenha da mais nobre jura prometida

Ou quem sabe tenho muita cautela
Uma sempre constante anestesia
Que ameniza a dor, previne a sequela
E me dá a esperança de um novo dia

Eu muito queria uma certeza
Que permitisse sorrir sem hesitar
Trilhar por um chão livre de impurezas
Sem cair nem mesmo tropeçar

Glórias, vidas e segredos
Erradicam o cuidado e a negação
Nas linhas de incontáveis enredos
Onde o fim não é uma conclusão

Quero distância do que fere e é fatal
Tentarei correr até não mais aguentar
Sabendo que além da vida carnal
Meus dilemas não irão me afetar


Samuel Garcia
Piratini, 01/09/2016

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Amor Próprio.

Por longos anos ele foi indiferente
Inflexível, com leves sinais de amargura
Para si mesmo era um simples vivente
Cobiçando o que seria sua cura

O espelho nada refletia
Fosse costume ou desgosto
Sua mente não absorvia
As mudanças em seu rosto

Porém, haviam algumas mudanças
As quais sem titubear entendia
O coração batendo violento
Alertava que algo o peito invadia

Seu corpo era uma caixa
Dentro, lindas histórias de amor
Das fantasias mais sinceras
Consistia seu interior

Mas permanecia fechada
Jamais ousou ela abrir
Temia que a perfeição almejada
Pudesse não vir a existir

Eram cenários magistrais
Que extraíam todo afeto possível
Do atrevimento e da vergonha
Nasceria um amor invencível

Seu temor foi confirmado
Como alcançar sem estender a mão?
A dor veio pois estava despreparado
Para enfrentar as incertezas da paixão

Depois foi assolado pela decepção
Dirigida a uma pessoa inocente
A imaturidade é a imposição
Sobre o raciocínio que é ausente

A chama da mágoa se extinguiu
Suas cinzas o vento esvoaçou
O espelho então refletiu
A face que nunca o abandonou

Percebeu que o corte machuca
Que o sangue é vermelho vivo
Ele foi totalmente esquecido
Durante seu sonho obsessivo

E aos poucos sem querer
Criou laços consigo
Alimentou o desejo de cuidar e proteger
Do seu corpo, seu amigo

Certa aurora percebeu
Que de amor estava repleto
Olhando aos céus agradeceu
Por ser um homem completo

Sorriu à imprevisão da existência
A cura que jamais encontrou em alguém
Estava presa na imprudência
Em acreditar que era um ninguém

Viu brotar uma fé inabalável
Os dedos obedeceram ao comando
Portando uma segurança admirável
Foi atrás do amor que estava chamando

Ele se deparou com mais desilusões
Mas não o derrubavam como antes
Para resistir às suas frustrações
O amor próprio era mais do que bastante

Incerto é até quando esperar
Por outra mão que pegue na dele
E sua história assim que o momento chegar
Não pertencerá somente a ele

Veja bem quão importante é amar
A si próprio, logo, é obrigação
Custe o tempo que custar
O corpo e a alma estarão de prontidão


Samuel Garcia
Piratini, 22/08/2016

sábado, 23 de julho de 2016

Entrega.

Quando segundos são portas
Firmes, fortes... não parecendo ceder
Sereno, fecho os olhos
E o que me vem é você

Quando um carinho é um raio de luz
Limpo, divino... não parecendo cegar
Em silêncio por dentro eu festejo
Pois me vem o seu olhar

Quando escolhas são caminhos
Alegres, íntimos... na mesma direção
A confiança contente me domina
E sinto mais perto sua mão

Quando a solidão é imensidão
Derramando versos das frestas
Estes me ajudam a temperar
O beijo destinado a sua testa

Quando a sabedoria é uma estranha
Minha boca dita sem perceber
Palavras, letras e números
Que descrevem você

Se pelo menos pudesse me orientar
Dentre essa insistência que atormenta
Por que você é meu refúgio?
O qual basta pensar que acalenta?

Uma flor, um sentimento
Eu vejo você ali
Que magia eu enfrento?
É tão difícil de inibir

Um fato, uma vida
Quase instantânea ligação
Como o peixe lembra a água
E a lágrima uma emoção

De mais concreto uma incógnita
Suplico que diga, por quê?
Até onde vai seu controle?
Será que meus passos prevê?

Sua presença em mim é constante
Já vislumbro seus dons
Suave... doce... viciante
É sua voz, anjo bom

Razões limitam a se esconder
Nesse emaranhado de pensamentos
A brisa acaricia seu cabelo
Enquanto brindo a inveja e o lamento

Vivo sinônimo do que é amável
Anjo de mistérios e certezas
Minha entrega é inegável
Já não me restam defesas


Samuel Garcia
Piratini, 23/07/2016

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Vozes de um Amor Ferido.

Escuto vozes nesse lugar
Que retumbam por toda prisão
Foi querendo me salvar
Que abracei minha punição

Pensei ter perdido o desafio
Não sabia ao certo como
Decorava sutileza e elogios
Nas noites sem sono

Era quem mais lhe adorava
Mesmo assim não foi o bastante
Meus atos, minhas frases, eu revisava
À busca de um erro a todo instante

Não poderia ter errado
Só sabia lhe enaltecer
Vai dizer que não tinha sonhado
Com alguém pra lhe convencer...

... de que é linda e feiticeira
Culta e dançarina
Submissa e guerreira
Mulher e menina
(Verdades que eu gostaria de negar...)

Imerso em lacrimosa solidão
Na noite infinita e cruel
Estrelas foram ao chão
E a lua evitou o céu

Havia um profundo rancor
Pela minha forma e meu ser
Por não provocar seu amor
E ser incapaz de lhe merecer

Sou prisioneiro da culpa
Juntamente com a razão
Após reparos e desculpas
Comecei a entender a questão

Daqui sairei quando me perdoar
Por amaldiçoar quem eu sou
Mas estou calmo, não vai demorar
Porque sei quem foi que errou

Em parte você estava certa
A superioridade existiu
Quando fizer tal descoberta
Verá que sua felicidade destruiu

No peito ainda sinto pontadas
Ao viajar por um futuro proibido
Desponta o sol na madrugada
E as vozes já são gemidos


Samuel Garcia
Piratini, 03/06/2016

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O Pouco pra Paixão.

Aceitaria aqui comigo
Você repleta de desejos
Vivendo em meu abrigo
Bebendo dos meus beijos

Ouvindo desses lábios
Aquele segredo sorrateiro
Que descontente com a metade
Abocanha o inteiro

Ele que pode ser revelado
Mas é necessário entender
Senão estaremos jogados
Atrás apenas de calor e prazer

E só isso não basta
Eu sei que você sabe...

Quando chegar a sua hora
Diga baixo e com autoridade
Se pelo nosso eterno agora
Me concede essa liberdade

Eu juro que tinha suas palavras
Mas as deixei em seu riso
Três sentidos desligados
Reforçam os dois de que preciso

Peço infinitos perdões
Se pareço distraído
É que fico por ocasiões
Completamente seduzido

Quero cada vez mais lhe viver
Esqueço o porquê da timidez
Esses dois sentidos já desligo
E agora ativo os outros três

O tato é o mais ousado
Invasão pura e plena
Percorre um trajeto traçado
Sem vergonha ou pena

Pelos que se enrijecem
Com poderosos calafrios
Dedos ali passearam
Por sobre seus sonos vazios

O olfato é o mais romântico
Aplica sua essência em mim
Um pouco de você aqui dentro
É uma emoção que não tem fim

E mesmo se não estiver ao meu lado
Eu vou tentar reviver
Um lençol, uma lembrança
Qualquer que tenha a marca de você

O paladar é uma onda
Que levanta o sal do oceano
Você pra mim é natural
Somente eu sou humano

E no meio de tanto sal
Encontro algo macio e doce
Um beijo faz com que eu sinta
A paixão que de longe você trouxe

Ao meu redor tudo me chama
Desperto desses devaneios
Quando sou mais imparcial
Fico tomado de receios

Se estou prestes a explodir
É porque não consigo deixar pra trás
Os ventos lhe trarão aqui?
A esperança levemente se desfaz

Falta muito pouco
Para uma paixão brotar
Como pode eu querer
O que antes custei a matar?

Mas se é pra ser diferente
Eu aceito de bom grado
Uma paixão pra cuidar
Apagará o velho pecado


Samuel Garcia
Piratini, 25/05/2016

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Quase Contradições.

A verdade que está presa no tempo
O amor que era apenas obsessão
Modificavam-se nos momentos
Em que clareava minha visão

Quantos dias atormentado
Pelas bobagens que inventei
Cometi contra mim tantos pecados
Masoquismo? Eu não sei

Atirado em teorias e indecisões
Muita suspeita, nenhum fundamento
Com esforço suportei duras lições
Que buscaram meu amadurecimento

Euforias e frustrações
Inocentes mas eficazes
Leves brisas e furacões
Cada qual com suas fases

Equivocada noção de tamanho
A ingênua insistência em engrandecer
É que o olhar de um estranho
Era o universo em meu poder

Em meus modestos devaneios
O impossível era meu aliado
Contudo, meus fortes receios
Conseguiam me manter calado

Uma insegurança arrasadora
Por ironia afastava de mim aquela missão
Amar e cuidar da pessoa moradora
Daqueles sonhos que pediam realização

Foi egoísmo, sim, eu sei
Mas de nada me arrependo
Pois no final eu que acabei
Lamentando e sofrendo

Singelos e profundos
Aqueles versos pioneiros
Mas por Deus, não me confundo
Jamais foram verdadeiros

Eu tinha minhas razões
Sinceramente, eu já sabia
Separados corações
Não era amor o que eu sentia

Hoje, tudo mudou
Meu ser e minhas convicções
A poesia é o que restou
Dessas quase contradições


Samuel Garcia
Piratini, 28/04/2016

terça-feira, 19 de abril de 2016

Passageiros Desconhecidos.

Meus dias não são somente meus
Divido o amanhecer e o anoitecer
Com tantos outros como eu
Que a algo procuram entender

Pensamentos estranham meu corpo
E se perdem em diferentes direções
Transportando a mim, impotente
Em um sinistro plano de previsões

Desfrutando de serena comodidade
E sufocante ausência de ocupação
Questiono o espaço e a realidade
De quem compartilha comigo uma estação

Aqueles meus momentos mais intensos
Podem ter sido os mais pesarosos de alguém
Somos todos passageiros propensos
A conhecer pessoas que nos façam bem

Há tantos anos atrás
Distraído, não percebi
A voz e o silêncio
De alguém que não conheci
(E sigo sem conhecer...)

Descobrindo a nós mesmos
Aprendendo de gostos e rejeições
A pura noção da infância eterna
É uma de nossas maiores decepções

Desvendando o valor de uma vida
Entendendo de amor e amizade
Vivenciar o futuro dos sonhos
É nossa maior prioridade

Como e quando chegamos mais perto?
O mais longe que os ecos puderam alcançar?
Quem sabe um dia esse destino incerto
Resolve por descuido ou não nos apresentar?

Eu empresto o dia e o campo
Você empresta a noite e o mar
A grama e a areia são palcos
Para belas memórias guardar

Agora, o que falta pra perceber
O altruísmo e as trocas incidentais?
As belezas naturais que você vê
Posso vê-las tão belas e iguais

Estamos cada um em seu lugar
Somos passageiros desse chão
Onde podemos nos barrar
E discutir a ocasião
(Aí então, nos conhecemos...)


Samuel Garcia
Piratini, 19/04/2016

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Era um Final de Março...

Obrigado pela acolhida
Por desejarem me conhecer
Em meio a rotinas corridas
E piadas pra espairecer

Obrigado pela confiança
Por delicadas incumbências
Uma aliança mais forte a cada dia
Nascida das nossas convivências

Obrigado por compartilharem
As obras de suas vidas
Eu vi tantos sorrisos brilharem
Por conquistas merecidas

Obrigado pelo apoio
Pelas mãos oferecidas
Quando a vocês recorri
Haviam centenas de saídas

Obrigado pelos sorrisos
Por serem tão naturais
Loucuras de improviso
Com certeza são imortais

Obrigado por me ensinarem
Rir da vida e compaixão
Levo de vocês suas imagens
Repletas com a minha gratidão

Obrigado por serem tão especiais
Simples, mas profundo...

Foram tantas correrias
Muitas folhas pra perder
Inúmeras travessias
E mates pra encher

Por tudo isso, me desculpo se com vocês
Em algum momento acabei por falhar
Mas tenho essa chata mania
De a tudo querer embargar
(E o que é pior, ao mesmo tempo)

Vera Moreira, uma casa
Colegas, uma família
Meus irmãos, irmãs, mães e avós
Amigos, filhos e filhas

Deixo também um obrigado
Pelos colegas que partiram antes de mim
Naquelas partidas eu tinha raciocinado
Que nada precisa ter um fim

E como de fato acabou por ser
Despedidas são tristes e sérias demais
Mesmo que seja sem querer
Meu mais humilde e sincero "até mais"

Dedicada à Equipe Vera Moreira
Samuel Garcia
Piratini, 06/04/2016

domingo, 27 de março de 2016

Mulheres (Atração e Atenção).

Suas formas são semelhantes
As tais filhas da atração
Nos banham em paixões escaldantes
Quando dois corpos são união

Extremos incompreensíveis
Em desejos complexos e secretos
E quantos futuros possíveis
Entre desprezos e afetos

Cabelo escuro, cor de sangue ou de sol
As narinas absorvem o doce ali pousado
Delírios que humilham o teu juízo
Perfeita mistura de graça e pecado

Um rosto angelical e uma segurança maliciosa
Diversas caras e olhares que realçam sua beleza
Pode ser cautelosa com a chance de um amor
Ou impiedosa com sua mais nova presa

Terra, natureza e céu em seus olhos
Portais para um reino de encantos
Onde como rei poderás viver
Ou como escravo afogado em prantos

Fazem de seu corpo valioso instrumento
Delicado, frágil e que exige cuidado
Porém, podem num súbito momento
Libertar um ódio resguardado

Tua deusa, tua própria existência
Puro fascínio, implora clemência
Loucos amores de proporções irreais
Que tornam singulares vidas conjugais

E já parece não ter como prosseguir
Com tanta causa pela qual lutar
É ter contigo alguém para sorrir
Ou ter na memória alguém para te provocar

Mulheres têm o poder
São mentoras da atenção
Que tendem muito a se perder
Nos labirintos do coração

Suas lábias são um prelúdio
Passaporte para essa longa viagem
Onde os dias são nada mais que minutos
E teu corpo a única bagagem


Samuel Garcia
Piratini, 27/03/2016

sexta-feira, 11 de março de 2016

Lembranças Mortas.

Parece estranho procurar esquecer
As respostas que há muito são em vão
Pois um futuro poderia conceber
A improvável e esperada solução

Memórias vivas e culpadas
Que transformam seres e espaço
Uma onda de emoções renegadas
Te faz recontar os teus passos

Longe de qualquer influência
Tenha cabeça erguida e maturidade
Se fraquejar tua resistência
Teus medos irão ignorar a realidade

Perdido onde reina a escuridão
O domínio inevitável traz a sorrateira loucura
Um pequeno espaço de repente é imensidão
E o desespero já não tem mais cura

Tudo na vida tem uma razão
Mágoas não são constantes
É vendo os detalhes com atenção
Que se percebe em um instante

Haverão tropeços e arranhões
Em sua jornada conclusiva
Porém, muitos entre bilhões
Ficam jogados à deriva

Talvez é o resultado de se julgar incapaz
De suportar o que não lhe convém
Um ressentimento e uma amargura voraz
Que machucam a si e a outro alguém

Fugir do passado era um desvio
Mas seu propósito foi incapacitar
O que parecia ser um sorriso doce e sadio
Acabou por ser uma lágrima prestes a pingar

Vai ver nada mais importa
E aqueles dias são apenas outros dias
A indiferença perante lembranças mortas
E respostas banais de perguntas frias


Samuel Garcia
Piratini, 11/03/2016

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Assim.

Tantas passagens doloridas
Que a meus olhos eram sem fim
Um dia por inteiras esquecidas
O passado me fez assim

São ânsias que me consomem
Essa incerteza tortura a mim
Vontades do jovem homem
É que o presente me faz assim

Uma aspiração por tranquilidade
Paz, amor, justiça, enfim
Pra comigo viver em liberdade
Eu quero um futuro assim

As palavras exatas ditas pela paixão
A empatia é o tesouro dos tempos
Princípios são joias do coração
E uma amostra de carinho seu único pagamento


Samuel Garcia
Piratini, 14/02/2016

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Coração Soberano.

Esperando horas que não se encontram no relógio
Para ser alguém que não se encontra em mim
Maravilhas ainda não descobertas
Outros mundos, amores e seus afins

Trazendo flores do chão infértil
Para perfumar a casa que está pra existir
Morada de uma pessoa ou de seus sentimentos
Que estão prontos para também florir

Um zelo mais sincero que a carícia
É a chuva que cai de um céu azul
Banha lágrimas carregadas de emoções
Que nascem de promessas, reencontros e paixões

O tempo leal à uma vontade
Aos moldes do mundo ideal
A inexistência do pecado
É um universo altruísta e fraternal

Tudo escolhido por um ser
Formas, gestos e gostos
Visando a beleza da alma
E os sorrisos nos rostos

E no gozo das mais lindas contradições
Tornar rotineiro o incabível
Suposições sadias de um poeta
Que tanto almeja o impossível

Um poder tamanho e inigualável
Ao alcance de alguém, de carne e osso
Um coração soberano ao tempo e ao tudo
Causando em nós um feliz alvoroço


Samuel Garcia
Piratini, 10/02/2016