segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O que o vento traz... (Parte 5)

Querida Helena,
                Trocaria minha existência pela oportunidade de vivenciar teus sonhos. Fosse no campo, no mar, nas ruas desertas, nas estrelas, nas nuvens...
                A certeza é de que lá eu faria morada, caminharia sem cansar no paraíso infinito que é a tua idealização do nosso amor perfeito. Quando chegasse a noite e tu foste dormir, tu me acharias e se poria a caminhar comigo até o teu despertar. Convenhamos, meu bem, nosso amor seria mais frutífero se eu vivesse lá.
                Nada me resta aqui, o vento que antes congelava esta solidão, agora queima como brasa e essa tortura não passa, minha força não é mais a mesma e temo pelo nosso futuro. Se soubesse as coisas que penso ultimamente, tremerias...
                Se observarmos cautelosamente, descobrimos que nada é impossível, que “difícil” é uma palavra tola criada para servir de justificativa à impaciência e a inércia. Porém, quando analiso nossa situação, minhas soluções são constantemente travadas e já começo a me perguntar se realmente há como vencermos esta batalha que nunca começou. Pavor me domina ao lembrar do “tarde demais”.
                Como vês, minha vida, estou um mar de pessimismo, mas não consigo evitar. É o preço que pago por tentar resolver nosso dilema.
                Do teu amor tão distante, Orlando.


Samuel Garcia
Piratini, 2013

sábado, 7 de dezembro de 2013

Um Rastro de Você.

As horas passam, só você não
Seja no quente e tumultuado dia
Ou na fria calada da noite
Aragem, refém de um açoite
Mormaço, ladrão da poesia

Ausente está
Moça, faça-se aqui
Eu jamais lhe proibi
De ser alguém que saiba
O caminho dos meus sonhos

Por outro chão
Seus pés se firmam
Se não nasce o despertar
Sonhará com o dom de esperar
Suspirando e relembrando
Dos nossos olhares se cruzando

Naquele momento
Conheci seu universo
Os seus cantos e cantares
Desfez o prejuízo
De uma vida sem amor
Puseste em meu corpo seu calor
De doce menina alegre
Um rastro de você eu tenho
Mas pode vir o amor a quem o persegue?

Proibida! Quem sabe esquecida
De dormir nos meus braços
Injustiça é o que nos impede
De sermos um só
Pois naquele abraço é que soubemos
Quanto de amor nosso coração pede

Passe por mim
Eu vou lhe acenar
Basta um beijo de amor
Para caminharmos juntos e sem parar...

Mas nossas estradas são tão distantes
Quando penso que posso não ver mais
O desenho do seu rosto
Esqueço quem e o que sou

Tudo que peço a Deus
É a oportunidade de passarmos um pelo outro
Para eu poder me inspirar e lhe decorar
Dar os versos que a ninguém dediquei
“O mundo às vezes é pequeno”
Esta é a única frase que pode justificar
Por que eu te procurei


Samuel Garcia
Piratini, 07/12/2013