sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Não Mais que Tudo.

A imaginação trai as verdades
Realmente é admirável
Mas sei que me deixo levar
Eu sempre me deixo levar

A aceitação é fria e dolorosa
E já não quero ouvir
Meu soluço surgir
Pela partida de uma memória saudosa

O tempo sempre exige
Que eu abra meus olhos
Mas não quero os abrir
Não devo os abrir

Sei de um enorme vazio
Onde residia um sentimento puro
Será que está lá perdido no escuro?
Ou a uma estranha força sucumbiu?

E a presença óbvia que confunde
Esse chão tem marca dos teus pés
Mas o futuro me joga o invés
Esperando que esse amor afunde

Fixo meu olhar na fotografia
E afloram sentimentos
Que até alguns anos atrás não sentiria
Me escorre o amor que antes contente me cabia

Mas "nunca" é uma palavra tão forte
Tremo ao pensar que aqui ela se enquadra
Quem sou eu para testemunhar o fim de uma jornada?
Quem sou eu para distinguir o acaso da sorte?

Tolo não sou de questionar o destino
O diferente sempre me foi inviável
E a indiferença de um futuro favorável
É o reflexo de não saber aceitar este ensino

O ensino que temo jamais aprender
Lidar com o fato de que você não está aqui
Para receber então os sorrisos que pedi
E por um segundo esquecer o sentido de sofrer

Os limites desse amor são inexistentes
E sua sinceridade não é mais do que tudo
O coração apesar de ser mudo
Bate forte para não soar inocente

Meus sonhos são tortuosos
Te toco, te beijo, te sinto
De você estou faminto
A vida e seus planos engenhosos

Se em um instante eu soubesse
Que uma parte de você
Ainda vive em mim
Te dedicaria aqueles versos sem fim

Dizem que estou sozinho
Mas não sei em quem confiar
Se na mão do carinho
Ou no exemplo de amar


Samuel Garcia
Barrocão, 3º Distrito de Piratini, 24/01/2014

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Naquele Luar.

Bem sabia que naquele luar
Conseguiria me tornar
Protegido das tentações
E saciado de perdões

Bem sabia que naquele luar
Estava a confiança há muito perdida
Voltei a crer nas coisas mais belas da vida
E como o humilde poeta posso continuar

Bem sabia que naquele luar
Encontraria o sorriso doce e singelo
Que nasce dos princípios que mais zelo
Sigo mais uma vez o desejo de amar

Bem sabia que naquele luar
Voltaria a me dominar
E agora irá fluir versos e poemas
Dentre esses meus dilemas

Bem sabia que naquele luar
Acreditaria no distante impossível
Seguirei a alternativa mais cabível
E ele então almejo encontrar

Bem sabia que naquele luar
Meus olhos, de emoção, iriam brilhar
Pois a lua sempre soube guardar
O que eu não pude carregar


Samuel Garcia
Piratini, 13/01/2014

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Fardos e Culpas.

Vou trocar todos os momentos
Cobiçados e merecidos
Os quais posso desfrutar cegamente
Além dos maus ventos
Cujos assobios lembro vagamente

Não é que eu me busque me livrar
Dos cacos que compõem quem sou
E sim a contínua luta
Pelo mais que não parece chegar
A tempo de evitar esta disputa

É que foge aquele foco
Que me manteve submisso
A um caminho, quiçá religião
Cujos ensinamentos eu toco
Com a maciez de minha alma
E a serenidade de meu coração

Se eu dominasse o esquecimento
Ganharia as infinitas alegrias
Que jamais fizeram morada
Nos domínios de meu pensamento

Por mais que leve tudo adiante
Algo fica para trás
Seja a tão suada superação
Ou o que não parecia ser o bastante
Porém, sei da dor ao reconhecer
Aquilo que foi em vão

Nesses fardos e culpas
Quando optei o não
Apostei em falsas promessas
Aliadas da condenação
O preço é alto mas me escapam escolhas
Vou trocar todos os momentos
Que outrora me fizeram sorrir
Pois é a única maneira dos erros
De um passado extinguir


Samuel Garcia
Piratini, 06/01/2014