segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O que o vento traz... (Parte 4)

 Amado Orlando,
 Afoguei-me no que deixei de lhe dizer.
 Sobre estar cansada era algo que eu pensava conhecer bem. O cansaço da alma... Mas ontem, quando o tempo nublou em um momento inoportuno, o clima esfriou e o vento soprou levando consigo minha coragem. Fiquei com medo.
 Existe uma linha tênue entre o medo e o desespero, contudo, logo após um minuto de reflexão, o tom desesperador soou como os sinos da igreja em meus ouvidos. Agudo e forte. Um som que rodeava tudo e que não deixou-me dormir. Encolhi-me por entre os lençóis, travesseiros e almofadas, mas nada cura. Nada curou.
 Quando deixei de ver-lhe havia um preenchimento absurdo em mim. A esperança transbordava deixando-me encontrar a missão que tanto procurei. Foi por ela que percorri caminhos desconhecidos. Foi por um lugar, pela perseguição da calma que corri tanto tempo.
 Bem, e hoje?
 Não sobrou um pingo de realismo colorido. O vento de otimismo perdeu-se entre campos desconhecidos e nunca mais se manifestou para mim. Tentei pensar, convencer-me de que a falta da luz diante essa escuridão nada tem a ver com tua partida, mas quando escreve-me, quando lembra-me do que tínhamos o coração revive e... Todo dia, toda a noite quando povoa meus sonhos sou novamente tua.

                                                                            De quem não te esquece, Helena.


Maikele Farias
Blumenau, 2013