sexta-feira, 20 de junho de 2014

Pétalas de Sangue.

Flor, que eu bem te queria
Cante pra mim as canções
Que por vezes esquecia
Nas entranhas dos teus botões

Melodias tão penosas
Nos protegem sigilosas
No frio alvorecer
De quem não quer sofrer

Muito preciso delas
Então, rainha flor, cante
Trago fósforos e velas
Caso o escuro se implante

Mas não há nesta alameda
As cantigas que beijam o ar
Peço que por mim interceda
E cante-as para que possas me salvar

A insanidade e a melancolia vêm armadas
De risos e prantos eternos
Pelas vidas por mim arrancadas
Nas frias noites de inverno

Fui teu corpo e o teu ser
Enquanto tu engolias amargo desprezo
Agora não me faça perder
O orgulho que tanto prezo

Flor, sabes que eu bem te quis
Tu agora me deixas abandonado
Para sucumbir deste modo tão infeliz
Perdendo o que eu tinha de mais resguardado

Já prendo-me a orações, porém, é em vão
Como se as graças dos céus aceitassem me resgatar
Desses pecados isentos de redenção
Que cometi sem ao menos questionar

Amaldiçoadas sejam tuas pétalas de sangue
Ficarão marcadas nas promessas de retribuição
Dos olhos atentos que a tudo vêem
E das almas que na morte não encontram uma razão

Te escondes nesta flor
Demônio, tu jamais vencerás
Exclamo agora com fervor
Que contra Deus tu perderás

Pagarei pelo que fiz em teu nome
Mas pelo menos vou me sentir aliviado
Pois foi-me dito que haverá um fim à tua fome
Por sangue, morte e pecado


Samuel Garcia
Piratini, 20/06/2014

domingo, 8 de junho de 2014

Dois Finais.

Meu pensamento vive rondando tua imagem
E o meu alcance clama pela melhor saída
Quem pode saber do nosso lar, das nossas viagens
Atrás de dias e noites unidos em um só nessa vida?

Teus olhos são pegadas
Que sigo sem parar, impaciente
E as lembranças sempre reanimadas
Falam que em mim tu estás presente

Formosa e sedutora
Dos teus truques faz bom uso
Em todos eles caio de forma assustadora
E a opção de te ignorar eu recuso

Meus pés estão mais cansados
Porém, eu espero e ainda posso te levar
Por vários passeios planejados
Pelo coração de quem sorri ao te enxergar

Sinto medo, pois acostumado eu sou
Dos desencontros que me são conhecidos
E se hoje vejo o que restou
São velhos sorrisos que foram esquecidos

Motivos costumam escapar dos meus dedos
Só não escapa a certeza de que posso mais
Lugares e momentos conspiram segredos
Nas histórias de amor que possuem dois finais

E assim tento vencer uma luta
Que nem sequer começou
Mereciam entrar na disputa
Quem contra nós vai ficar e já ficou?

Abracemos então os segundos e instantes
Que por enquanto são nossos únicos aliados
Nesses dilemas de corações distantes
Que se forem reunidos serão rejeitados

"Eu espero se tu me esperar", é o que digo
Viver por um juramento
É o preço pra quem busca ficar contigo
Se não agora, em algum tempo

Meu bem, eu confio no futuro
Ele te prometeu pra mim
Com ele do meu lado estou seguro
De que tu e eu estaremos juntos no fim


Samuel Garcia
Piratini, 08/06/2014