segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Fracassados no Impossível.

Todos filhos da imperfeição
Fracassados no impossível
Hoje a sombra do que serão
Ou o sol de dias sofríveis

O rosto em metamorfose
As rugas que sem permissão dominam
Um coração em overdose
Dos anos que tanto ensinam

O olhar semblante da crueldade
Um sorriso que esbanja delicadeza
Vidas corridas plantam os frutos da idade
Tais números que avançam com destreza

Atos e opiniões se mostram influenciados
Pelos reflexos de toda e cada trajetória
Onde restam glórias e pecados
Entre tantas derrotas e vitórias

Reviver alimenta a saudade
Passado renegado é a alma torturada
São extremos da tal liberdade
"Sua escolha é sua estrada"

E quantos conflitos internos
No corpo que é um campo de batalha
E quantos verões e invernos
Provocam a ira deste íntimo fogo de palha

Perfeição é somente uma palavra
A perdição culmina com a morte
Restam os beijos de quem amava
E o amanhã que conta com a sorte


Samuel Garcia
Piratini, 07/12/2015

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Intimidação.

Luzes que cintilam nas minhas viagens
Gritos ressonantes que não querem calar
Em instantes meu foco é a imagem
De alguém que parece ir sem chegar

Eu tenho aquela sabedoria
Poder te decorar por inteira
Entender o que tanto proibia
Tua presença de ser costumeira

Eu ouço tuas pisadas neste chão
Na vida real por instinto disfarço
A angústia dos anos que se vão
E dos meus olhos esse embaço

Eu sei que estás do outro lado
Deste muro de temores e afazeres
Enquanto meu maior pecado
É a rendição perante tolos prazeres

Quanto ao que penso sem cessar
Se trata de uma avariada contradição
Tão simples e complexo te mirar
Embriagado, extasiado de intimidação

Não sei dizer se pra ti existe um céu
Mas o sol e a lua guardam o teu berço
O seio que ungiu teus lábios com mel
E a criação que te fez única no universo

Poderiam passar dias, meses e anos
E ainda lembraria cada detalhe
Do sonho que logo é um engano
Contanto que a mente não falhe

Que honra foi lhe ter ao meu alcance
Estando a tua frente a te admirar
O destino a si próprio dá nova chance
Talvez não só tu chegues como decidas ficar


Samuel Garcia
Piratini, 11/09/2015

domingo, 2 de agosto de 2015

Pensamentos.

Minha cabeça grita de dor
Pelo peso dessas reflexões
Visão do ideal, amostra do horror
Em cenários de mil emoções

Conserto das minhas falhas
Adepto da destruição em massa
Fria indiferença que a mim entalha
Dimensões de bênçãos e desgraças

O vácuo é o pior dos labirintos
Pois não há qualquer saída
Onde são ineficazes os instintos
E a sanidade de repente é esquecida

Atrás da medição desse poder
Jaz o começo da perda de mim
O que eu era se faz esquecer
E o meio vai sufocando o fim

E quanto a todo o resto
Os cacos da minha consciência
Estão distantes e nem contesto
Impossível buscar uma providência

Um felizardo segundo marca presença
E o infinito se dissolve no ar
Não antes de soprar uma ofensa
Ao meu eu que acaba de despertar

Coordenados e em conjunto
Produtos do corpo e da mente
Gestos, posições e assuntos
Que nos definem plenamente


Samuel Garcia
Piratini, 02/08/2015

domingo, 14 de junho de 2015

Desabafo de uma Amiga.

Venci a batalha
E o troféu sou eu
Minha luz tão falha
Agora acendeu

E quanto sofrimento
Uma angústia que assolava
Eis que em um momento
A morte já acenava

Manobrei nas curvas do amor
E despistei as garras da solidão
Busquei em mim o meu valor
E encontrei minha salvação

A lágrima ainda escorre
Mas sua tarefa é emocionar
A felicidade recorre
A um meio de se espalhar

Lembrei dos presentes da vida
Os amores que vivem ao meu lado
Os irmãos que estão na torcida
E meu futuro que está bem guardado

Há um outro amor que é delicado e feroz
Impossível de explicar
Quando eu e a família estamos a sós
É a certeza de que ele jamais irá cessar

E hoje finalmente sei
Que nenhum mal me persegue
Pois tudo que conquistei
À Deus está entregue

O futuro sorri pra mim
Eu tenho as ferramentas certas
Para seguir feliz e confiante, enfim
Vivendo de realizações e descobertas

Dedicada à Bruna Farias
Samuel Garcia
Piratini, 14/06/2015

Ligeiro e Profundo.

Cada sílaba que emana de tua boca
Torna dispensável o que há no mundo
Para alguém que almeja teu coração
Esse olhar ligeiro é profundo

Filha, sobrinha ou a própria?
Te banhas nos aposentos de uma divindade
Afrodite, rainha dos amores
Ou a rival que vence aquela beldade?

De onde vem essa segurança
Que intriga e provoca?
Minha obsessão se afoga
No que tu a mim invocas

Origens distantes
Corpo esculpido
Bondade e justiça
É o sexto sentido

Sussurre aqui no meu ouvido
Teus sonhos mais secretos
E se por um acaso eu não reagir
É porque mereço teus afetos

Em ocasiões digo adeus à paciência
E pulo no abismo do desespero
Acredito que perco a razão
Se nessas horas beber do teu cheiro

Em tua ausência me sinto estranho
Nada sou, apenas ocupo um espaço
Vida escapa de minhas entranhas
Sei que a cura é lhe ter em meus braços

Tua atenção é um tesouro
Escondido na cor dos teus olhos
E entre tantas e tantas lábias
Estão cada vez mais próximos

Amo a ti mas também a mim
Versos de um homem arrogante
É onde jaz a chave do meu triunfo
Palavras do teu futuro amante


Samuel Garcia
Piratini, 06/06/2015

sábado, 23 de maio de 2015

A Espera.

Maré alta ao som do vento
Leva as impurezas da praia
Nuvens que dançam ao toque do alento
Aguardam uma forma que sobressaia

Tal como o anel que sela
Sinceros amores e uniões
Ser a memória que está ali e zela
A banição das más intenções

É o sinônimo de fidelidade
É o puro amor material
Espera do seu dono humildade
Para amar sem igual

A flor bela e solitária
É regada e tem ambições
Amigas e irmãs são necessárias
Para viver em meio a um paraíso de botões

Nossa natureza sempre nos faz esperar
Por um recomeço, um sonho real
Tudo aquilo que não podemos negar
O destino e seu presente ocasional

Por vezes a espera é o inimigo
Que afasta os nossos anseios
O abraço do esquecimento traz abrigo
E o da certeza traz receios

Um desejo realizado nos faz sorrir
Mas uma surpresa nos faz chorar
Vamos deixar o tempo correr, fluir
E uma feliz lágrima iremos enxugar


Samuel Garcia
Piratini, 23/05/2015

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Ecos.

Um velho remorso que vive inquietante
Que nasceu do lamento de ser incapaz
Sombra do que por vezes foi provocante
Hoje é um fardo de tempos atrás

Um sonho, a ânsia de satisfazer
O gozo de ser uma frágil relíquia
Lábios que podem desfazer
A existência das ilusões resquícias

Sol oculto, memória da escuridão
A banalidade de mais um dia comum
Meiguice e frieza reinam a ocasião
Como velhas amigas de lugar algum

O impulso então se calou
A mão cedeu à outra a proteger
E uma gota de importância secou
Contemplando o erro que estava a cometer

Uma peça para tudo isso se encaixar
Era somente o que pedia
Porém, aceitou sem se queixar
E o coração já se escondia

Em seu rosto visível repulsa
Por pensar que poderia querer bem
O corpo fechado, uma aura que expulsa
Os devaneios de quem ali a tem

Seu corpo não clamava por aquele calor
Um sentimento abortado assim sem razão
Tamanho desespero, intenso pavor
Ao se unir a seus lábios não houve emoção

Um conflito interior
Causou a perda da única chance
De explicar que o amor
Estava fora do seu alcance

Mas ela soube das feridas
Que não desejava ter causado
Pois viu ali refletidas
As marcas do seu passado

No final, tudo é cicatriz
Ele é seu próprio espelho
É o novo dia quem diz
O momento de erguer os joelhos

Ah! As palavras não ditas
O silêncio não é tão ruim
Respostas são breves e finitas
Mas a culpa desconhece o fim

O ódio nunca nele habitou
Seus olhos eram esquivos e frios
Aquela moça sempre o lembrou
De belos sonhos que se tornaram vazios


Samuel Garcia
Piratini, 17/04/2015

domingo, 15 de março de 2015

Seja Cedo, Seja Tarde...

Seja cedo, seja tarde
Enquanto for duradoura
A felicidade que tanto me arde
Ao nascer da aurora vindoura

Procuro sempre me orientar
Mas estou encurralado
Por raios incandescentes a cintilar
Colorindo o céu antes estrelado

O tempo se rende aos corações bons
Cujos feitos eternamente viverão
Prevalecem dentre os tons
De vida e morte em distinção

E no testemunho da bela natureza
Perpasso meu ser no teu rosto
Onde vibro com tamanha beleza
Desse sorriso meigo e disposto

Meu destino é em direção ao sol
E esse vento vai castigar teus cabelos
Perfumes impregnam teu negro lençol
Ah! Quem me dera algum dia tê-los...

A iluminada aurora chegou
Porém, agora quero pegar na tua mão
Vem comigo que ainda não acabou
Temos uma jornada por este chão

Nada vejo, minha visão se apagou
Não sinto teus dedos, ah! Não pode ser!
Emboscada que a vida preparou
Até por completo te esquecer

Passado e futuro
Inexistentes em mim
A brisa e o suor em meio ao escuro
É uma tempestade sem fim

Sou apenas um homem que ainda vive
Que desconhece se resiste ou já resistiu
Lembro vagamente que estive
Tentando encontrar alguém nesse vazio


Samuel Garcia
Piratini, 15/03/2015

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Ausentes.

Devaneios que beiravam o absurdo
Em breve se fizeram opinião
E já não ouvimos o baque surdo
Dos gritos oriundos da voz da razão

É quando nos deixamos consumir
Por instantes que mais parecem uma existência
Incontáveis anos que passam por vir
Declaram deles nossa própria ausência

E é tão difícil lidar com consequências
Que castigam mais além do corpo
Tornam-se frutos da nossa vivência
E marcam seus impactos em um todo

Uma incerteza que nos devora
Em milésimos tão despercebidos
E de repente vai-se embora
Deixando laços de afeto partidos

É o mal da impulsividade
Que arranca o tempo da reflexão
Encobre nossa bondade
Com sombras e pedidos de perdão


Samuel Garcia
Piratini, 23/02/2015

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Similar.

Longas esperas sob os adornos do espaço
O branco dos pontos virtudes ensinam
Como a leve brisa que vence o embaraço
De soprar tão fria na ausência do sol

O dedo que aponta a estrela
No céu da noite escura
É o fogo sereno da vela
Que alimenta o calor com brandura

Estando mais uma vez à luz do luar
Veio a mim o fato mais interessante
A união do que é similar
É capaz de tornar o tempo em instante

Feições e gestos
Posições e gostos
Acabam em afetos
Dos pés aos rostos

O que é igual transparece ser forte
E as semelhanças podem embriagar
Quando dois não esperam da sorte
O sentimento se manifestar

Conforto e relutância
Provoca aos semelhantes
Compreensão em abundância
Ou incertezas preocupantes

Corações que um ao outro conhecem
Peças do mosaico que encaixam
Mil sonhos já florescem
E nesse mútuo desejo os acham

Porém, tanta igualdade também pode afastar
Nem tudo são flores no jardim
Quando chega a hora de amar
Similar, diferente, não importa no fim


Samuel Garcia
Piratini, 28/01/2015