Era tão simples e natural
Soluço ao lembrar do tempo
Em que não sentia esse calor infernal
Com teu menor movimento
Teus motivos são desconhecidos
Mas tento sempre uma explicação
A vida tem sabor de amor proibido
E os sonhos aroma de prazer e emoção
Teu rosto é um mero artifício
Quando penso na espessura de tua pele
Uma história sem início
Que a loucura desesperada impele
Teu nome é um mantra
Quase como uma oração
Em teu ser minh'alma encontra
A pureza da admiração
Tua imagem me atordoa
Agride tão feroz o meu peito
Que por todo o corpo ressoa
Sem permissão nem respeito
Sim, eu te culpo
Por essa tortura sofrível
Teu pecado, teu insulto
Provocar o impossível
Não sabes o que passo
Quando estás junto a mim
Temo que em algum abraço
Meu sufoco não tenha fim
Não sabes o que sinto
Quando miro teus olhos vidrados
Desvio e sou quase extinto
Morto até ser despertado
Não sabes o que penso
Em meio à rotinas incessantes
Noutro plano quente e denso
Torno tuas noites mais picantes
Lamento muito não te ver
Mesmo sabendo que assim é melhor
Essa insana paixão tem muito poder
Mas a razão é ainda maior
As circunstâncias são claras e irredutíveis
Mas onde sou rei prova de minhas carícias
Contando minutos impassíveis
Pra beber desejo, amor e outras delícias
Samuel Garcia
Piratini, 22/11/2016