Amado Orlando,
Tarde demais.
Sobrepus ideias e valores.
Cavei fundo na alma para encontrar-me. Encontrar a ti.
Quantos prós e
contras nos afastam? Quantas amarguras continuam preservadas? Quanto tempo a
chuva ainda irá tentar apagar as pegadas que deixamos no caminho até aqui?
Criei coragem e levantei
os olhos pra ver as gotas cristalinas. Voltei à infância e surrupiei um
‘bem-me-quer’ para saber se tu ainda me querias. Fiz isso pelo resto da semana
e, só agora, que foi mais “mal” do que “bem”. Logo hoje...
Quando éramos jovens
escutávamos uma música que falava sobre como a chuva representa o estado do
nosso corpo; estávamos certos em achar alguma veracidade no que o cantor nos contava. Não
sou um corpo. Talvez nem metade de um. O ar que respiro é irrelevante, pois
dentro de mim não há o que se complete.
Na última vez que te
olhei nos olhos não via nada que pudesse me fazer mudar. Tu sempre achaste a
mudança desnecessária, como se continuássemos no molde ao qual nascemos. Que
glória existe em continuarmos os mesmos?
De quem guarda as
palavras bonitas só para ti, Helena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário