segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O que o vento traz... (Parte 3)

Querida Helena,

                Entre os mais belos devaneios jamais imaginei que pudesse existir uma euforia que derramasse pelos cantos do coração, uma força avassaladora que o preenche e o afoga de idealizações belas e pobres, como aquele passado que agora nos observa nas nossas rotinas, nas nossas casas, nos nossos quartos, nos nossos sonhos. Um passado que viaja livre sobre a distância, eternamente contra este amor. Diga-me, Helena, o que fizemos para com nós, ela ser tão cruel?
                Estou feliz, pois o passado nos vigiou e é certo que está guardando todos nossos sonhos para um dia reuni-los e fazer da memória, o momento.
                Há muito não vivencio o amor, teu sinônimo... é como se só tu fosse a autêntica mulher, a mulher em sua mais perfeita forma, a mulher que interpreta a linguagem do coração que a ama dominado por desejo, a mulher que estende o braço pedindo ajuda para encarar os problemas de um mundo tão bandido, a serena mulher que a cada dia é amada mais e mais. Nas ruas, vejo mulheres tão perdidas, tão vazias, tão humanas...
                Ontem à tardinha, peguei meu violão, que, assim como tu, jazia calado e distante dos meus dedos. Trabalhei alguns acordes mas aquela prática de outrora me fugiu, seguirei praticando pois agora acredito que posso suportar tocar as nossas canções sem teu sorriso, sem teu olhar, sem tua voz... sabes como é, coisas que me guiavam.
                Todas as noites sussurro teu nome antes de dormir, só pra não perder o costume...


                                                                                                                        Do sempre teu, Orlando.


Samuel Garcia
Piratini, 26/08/2013

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