quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Por Trás da Chuva.

Lá fora a chuva cai
Segura e incessante
Como se cada pingo
Viesse de um universo distante

Uma porta que guarda
Um reino inimaginável
Passagens, luzes, tesouros
Pressinto algo amável

E vou a seu encontro
Saber o que ninguém sabe
Vendo, ouvindo, sentindo
Quanto mistério nela cabe

Mantenho a calma em um todo
A leveza do meu coração
Procura uma resposta em meio
Ao raio e ao trovão

Mesmo que o manto da noite me cubra
O clarão nas nuvens mostra o caminho
A ironia bem que te serviu
Sempre soube que não estaria sozinho

Não me engana tua aparência
Eu vou atrás do teu real
Tu é muito mais que isto
Talvez um segredo abissal

Podes não perceber
Mas quando choves sem cessar
É como da dor o lamento
Impossível de disfarçar

Minhas pegadas estão na areia molhada
Aqui no mar somente tu e eu
Enquanto pra ti sou alma desgraçada
Pra mim tu és o refúgio meu

Anseio em te conhecer melhor
O bem que fazes me aproxima de ti
Foi quando molhavas minhas angústias
É que isto eu descobri

Meus passos já refaço
Te desistindo, te abandonando
Paro por um momento
Está somente chuviscando...

Diga-me o que restou da tua fúria
Do trovão que ecoa nos mares e desertos
Se te questionar foi uma injúria
Não vou me desculpar de braços abertos

Te encaro num relance
Nos meus olhos, dois pingos em cada um
Descem como a correnteza furiosa de um rio
Mas serenos sem mal algum

Agora eu sei, ó amiga chuva
Ao toque no meu rosto teus pingos
Me trouxeram o que tu jamais revelaste
Sempre sofreste sozinha, não mais...

As lágrimas dos amores perdidos
Não tocavam no chão
Pois pertenciam a este mundo desconhecido
Fonte das tuas águas de solidão

Além do que eu poderia imaginar
É o amor verdadeiro que trazes contigo
Tens o sofrer mas também tens o amar
De almas como eu à busca de um abrigo


Samuel Garcia
Piratini, 18/09/2013

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