Sobrevoo madrugadas
Lado a lado com a aventura
Belisco mil jornadas
Como quem nada procura
Meu rumo é incerto
O vento rotas pode traçar
As quais o coração esperto
É capaz de ignorar
Conduz-me então
Nada além de minha própria vontade
Trazendo a doce e bela sensação
Que é viver em liberdade
Se contemplo o céu escuro
A mãe da noite me sorri
É quando volto a ser puro
Tal como o dia em que nasci
As fases da lua são como meninas
Que me convencem a ganhar altitude
Sinto aflorar forças repentinas
E voo atrás do que comove e ilude
Até perceber que suas cores e contornos
São prometidos a divindades
E seus lindos e fascinantes entornos
Estão para outros graus de intimidade
Uma amostra do espaço
A via láctea dita o tom
Lembranças do fracasso
De quem clama por um som
Madrugadas às vezes raivosas
Castigam o chão com armas brutais
São maravilhas penosas
Suas tempestades e vendavais
Ao amanhecer estou por terra
Mas os pés estranham e reagem
Impacientes, anunciam uma guerra
Pelo anoitecer e a próxima viagem
Como se a leveza refletisse
O eu físico e espiritual
E o solo em que me apoio sentisse
O peso da culpa e do mal
Ares de salvação e indiferença
Mas a maior certeza é a confusão
Meu corpo se comunica e pensa
Toma de mim o poder da decisão
Deseja madrugadas para desbravar
No céu de nuvens carregadas e enormes
O universo é todo um desconhecido a explorar
Para quem repousa, agradece e dorme
Samuel Garcia
Piratini, 22/04/2017
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