Disfarce essa apreensão
E não restrinja seus limites
Queira e exija distinção
Entre o real e o que não existe
Vozes e passos no deserto
Na cidade, silêncio e solidão
"É um sonho, logo desperto"
Também conheço essa confusão
Entenda se de repente
Nada retornar ao que era
Por vezes o que se sente
É bem menos do que se espera
Domine essa naturalidade
E derrame o último segredo
A mentira esbanja sinceridade
Hoje e sempre será cedo
Resta nada a justificar
Se as regras são ásperas
A pulsação prestes a acelerar
Condena os rostos e as máscaras
Discretos pingos de gratidão
Brotarão de suas entranhas
Mas ao pousar secarão
Como euforias momentâneas
Aprecie esse desfecho
E extravase velhas ânsias
Presas seriam um desleixo?
Ou apenas irrelevâncias?
O fim que é passageiro
Desprezará o seu abrigo
Enquanto fantasmas sorrateiros
Trarão com eles seu castigo
Marcas da vida mórbida
Falam de um outro "eu"
Uma natureza sórdida
Que Deus não me concedeu
Samuel Garcia
Piratini, 19/01/2017
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