Um
velho remorso que vive inquietante
Que
nasceu do lamento de ser incapaz
Sombra
do que por vezes foi provocante
Hoje
é um fardo de tempos atrás
Um
sonho, a ânsia de satisfazer
O
gozo de ser uma frágil relíquia
Lábios
que podem desfazer
A
existência das ilusões resquícias
Sol
oculto, memória da escuridão
A
banalidade de mais um dia comum
Meiguice
e frieza reinam a ocasião
Como
velhas amigas de lugar algum
O impulso então se calou
A mão
cedeu à outra a proteger
E uma
gota de importância secou
Contemplando
o erro que estava a cometer
Uma
peça para tudo isso se encaixar
Era
somente o que pedia
Porém,
aceitou sem se queixar
E o
coração já se escondia
Em
seu rosto visível repulsa
Por pensar
que poderia querer bem
O corpo
fechado, uma aura que expulsa
Os
devaneios de quem ali a tem
Seu
corpo não clamava por aquele calor
Um
sentimento abortado assim sem razão
Tamanho
desespero, intenso pavor
Ao se
unir a seus lábios não houve emoção
Um
conflito interior
Causou
a perda da única chance
De
explicar que o amor
Estava
fora do seu alcance
Mas
ela soube das feridas
Que
não desejava ter causado
Pois
viu ali refletidas
As
marcas do seu passado
No
final, tudo é cicatriz
Ele é
seu próprio espelho
É o
novo dia quem diz
O
momento de erguer os joelhos
Ah!
As palavras não ditas
O
silêncio não é tão ruim
Respostas
são breves e finitas
Mas a culpa desconhece o fim
O
ódio nunca nele habitou
Seus
olhos eram esquivos e frios
Aquela
moça sempre o lembrou
De belos
sonhos que se tornaram vazios
Samuel Garcia
Piratini, 17/04/2015
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