"O ano era 1996
Março, dia 24
Missão que se refez
Ciente rosto novato"
Eu poderia apertar tuas bochechas
Eu poderia te acomodar em meus braços
Eu poderia devolver tuas deixas
Eu poderia escolher meu favorito dentre teus traços...
... mas a fotografia é infalível
Quase 22 anos separam nós dois
Revirar a casa não é tão impossível
Quanto o antes encontrando o depois
Garotinho que me vê através dos anos
Suponho que não ouça tampouco me entenda
A união mais perfeita e isenta de enganos
É a que enxerga ainda melhor com vendas
Ene atos puníveis e inconsequentes
Se os tivemos logo escaparam
Mas não dos cadeados e correntes
Daqueles que nos criaram
Fitas cassetes empilhadas
Em um canto da cozinha
Cuidadosamente analisadas
Cada capa, título e linha
Cinco letras, cinco momentos
Em um simples saco de farinha
Mais além que um instrumento
Paixão que não era minha
Álbuns de diversos tamanhos na cama
Folheados sempre por completo
A saudação de uma e outra trama
Cartões postais recheados de afeto
A mala é a alegria que se pode tocar
Simboliza liberdade e fantasia
A pureza é o mais belo enfeite a decorar
Constante disposição e energia
O majestoso céu de todas as manhãs
Lá do alto resplendor vai lecionar
Consumindo cada sinal de tédio e afã
Na paz dessa ilha sem mar
Em rodas se transformam minhas pernas
A tampa da panela é meu volante
O carro ao lado buzina risadas eternas
Enriquecendo nosso espírito viajante
Garotinho que mora aqui através dos anos
Comandante do meu saudosismo
Luxuosos se tornam teus humildes planos
Nivelo arranha-céus e abismos
"26 anos tinha ela
Nova pulsação pra nutrir
Mais um filho que sela
Os mais sinceros motivos pra sorrir"
Dedicada à mãe, Clarice
Samuel Garcia
Piratini, 01/02/2018
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