Confesso que sou feliz
Talvez como nunca fui
Longe da dor o destino me quis
Mas essa distância só diminui
Bem que eu poderia ser incapaz
De discernir o que é do futuro
E viver sem esse medo fugaz
De topar com algum mal obscuro
Consequências irreparáveis
Gravidades devastadoras
Memórias e cicatrizes inapagáveis
Desgraças aqui moradoras
Tudo isso procuro evitar
No gozo desse presente triunfante
Eu sei que é inútil premeditar
Aquilo que muda a cada instante
Digo que sou agraciado
Todo meu sofrimento me fortaleceu
E serei plenamente agradecido
Se comprovar que assim permaneceu
Tento muito compreender
A seriedade de uma surpresa
É como a estratégia de um poder
Que visa atacar sua fraqueza
Pessimismo e precaução
São tão iguais quanto diferentes
Inexiste doutrina sem reflexão
E sigo entre passos confusos e impacientes
É provável que eu seja desesperançoso
E tenha em mim uma mágoa contida
Que vê a falha no mais certo duvidoso
E desdenha da mais nobre jura prometida
Ou quem sabe tenho muita cautela
Uma sempre constante anestesia
Que ameniza a dor, previne a sequela
E me dá a esperança de um novo dia
Eu muito queria uma certeza
Que permitisse sorrir sem hesitar
Trilhar por um chão livre de impurezas
Sem cair nem mesmo tropeçar
Glórias, vidas e segredos
Erradicam o cuidado e a negação
Nas linhas de incontáveis enredos
Onde o fim não é uma conclusão
Quero distância do que fere e é fatal
Tentarei correr até não mais aguentar
Sabendo que além da vida carnal
Meus dilemas não irão me afetar
Samuel Garcia
Piratini, 01/09/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário