Meus dias não são somente meus
Divido o amanhecer e o anoitecer
Com tantos outros como eu
Que a algo procuram entender
Pensamentos estranham meu corpo
E se perdem em diferentes direções
Transportando a mim, impotente
Em um sinistro plano de previsões
Desfrutando de serena comodidade
E sufocante ausência de ocupação
Questiono o espaço e a realidade
De quem compartilha comigo uma estação
Aqueles meus momentos mais intensos
Podem ter sido os mais pesarosos de alguém
Somos todos passageiros propensos
A conhecer pessoas que nos façam bem
Há tantos anos atrás
Distraído, não percebi
A voz e o silêncio
De alguém que não conheci
(E sigo sem conhecer...)
Descobrindo a nós mesmos
Aprendendo de gostos e rejeições
A pura noção da infância eterna
É uma de nossas maiores decepções
Desvendando o valor de uma vida
Entendendo de amor e amizade
Vivenciar o futuro dos sonhos
É nossa maior prioridade
Como e quando chegamos mais perto?
O mais longe que os ecos puderam alcançar?
Quem sabe um dia esse destino incerto
Resolve por descuido ou não nos apresentar?
Eu empresto o dia e o campo
Você empresta a noite e o mar
A grama e a areia são palcos
Para belas memórias guardar
Agora, o que falta pra perceber
O altruísmo e as trocas incidentais?
As belezas naturais que você vê
Posso vê-las tão belas e iguais
Estamos cada um em seu lugar
Somos passageiros desse chão
Onde podemos nos barrar
E discutir a ocasião
(Aí então, nos conhecemos...)
Samuel Garcia
Piratini, 19/04/2016
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