Querida Helena,
Creio que a nossa união está
cada vez mais ofuscada. Minha visão já perdeu o foco, talvez pelas lágrimas que
tanto derramei. Felizmente, há algo que nada poderá apagar e sabes do que estou
falando. Mas já esqueci do teu rosto, teu sorriso, teu corpo. O amor sempre lembra mais dos atos do que das formas. Agora o motivo
disto seria a distância ou as promessas não cumpridas que há muitas luas cobram
tanto de nós?
De que vale esta existência vazia?
Para mim, a cada dia que nasce é um passo mais perto da morte... Do que vale
ter esperança contra a vontade do destino? Do que vale buscar a luz no reino
das sombras?
Eu sei que palavras jamais vão
descrever quaisquer sentimentos, mas acredito que já senti tudo o que tinha
para sentir. Achas mesmo, Helena, que a dor pode vir a ser maior? Pra ser
sincero, eu nem me importo. Agora nada faz diferença mesmo.
Ando sempre tão sozinho, não procuro
a ninguém e ninguém me procura... Até prefiro assim, meus pensamentos e opiniões sempre foram meus melhores amigos...
Estive a um tempo sem te escrever
por culpa de um pesadelo. Perdido na escuridão o que eu ouvia era uma voz
distante me dizendo que jamais voltarei a te ver e o melhor a fazer era ir até
ela. Acordei angustiado e fiquei sem dormir por três dias, pois tremia em
apenas pensar na possibilidade de sonhar isto novamente.
Saudade há tempos não é sentimento, é
uma parte de mim. Estou muito fraco, por isso, Helena, se eu optar por seguir
aquela voz distante, poderás me perdoar?
De
quem te ama até o fim
Ainda
que ele esteja próximo...
Orlando.
Orlando.
Samuel Garcia
Piratini, 07/11/2014
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