Reflexões são reflexões em qualquer lugar
No instante em que morre o olhar
O redor não parece convencer
Que é inútil a realidade reverter
O pouco que resta tratado como nada
Escuridão interminável, escravo da madrugada
As paredes que o cercam são as celas da prisão
Forjadas para garantir sua única salvação
Testes e provas brutais mas necessários
Para juntar os cacos, levantar e seguir
As más previsões e o desespero são adversários
Que observam até onde ele pode resistir
E compreender é uma tarefa desafiadora
A partida da felicidade é avassaladora
Sem saber se ela vai voltar
Vem a angústia que não se pode reparar
Unhas e dedos destroçados
Por dentes ferozes e aterrorizados
Na loucura se rendem aos piores pesadelos
Arrancando roupas, pele e pelos
A pequena janela reforça a incerteza
Refém da solidão pelo resto dos dias
Desprezível dentre todo tipo de pobreza
É desistir de lutar contra prováveis agonias
Que podem nem se fazer
Mas o raciocínio é inconsciente
E o que se consegue ver
São as chamas de um fogo ardente
Semanas e meses cruéis
O amanhã não existe e o hoje é passado
O tempo e a esperança são infiéis
Aos olhos do pobre vivente já conformado
O universo é só um estranho
Onde impera noite e chuva sem cessar
E ele é mais um no rebanho
Uma fé fadada a fracassar
Enxerga somente dentro de si
Amor, ódio e perdição
Nem imagina que logo ali
O sol desponta na forte cerração
O escuro se torna mais claro
E ele crê que é mais um delírio
Vai ignorando o que pode livrá-lo
Do longo e terrível martírio
Vão-se os minutos, vão-se as horas
E os olhos sempre fechados
A luz praticamente implora
Que contemple seus raios dourados
E dentro de sua conturbada mente
Se pergunta o que tem a perder
Pois nada importa dali pra frente
Se no final irá perecer
As pálpebras se abriram
O corpo ficou de pé
As portas e saídas então reluziram
A importância da fé
Nunca se dê por vencido
Em toda treva existe o clarão
Preso em um desconhecido
Pra se fazer espera de ti uma decisão
Samuel Garcia
Piratini, 19/07/2014
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