Lá fora a chuva cai
Segura e incessante
Como se cada pingo
Viesse de um universo
distante
Uma porta que guarda
Um reino inimaginável
Passagens, luzes, tesouros
Pressinto algo amável
E vou a seu encontro
Saber o que ninguém sabe
Vendo, ouvindo, sentindo
Quanto mistério nela cabe
Mantenho a calma em um todo
A leveza do meu coração
Procura uma resposta em
meio
Ao raio e ao trovão
Mesmo que o manto da noite
me cubra
O clarão nas nuvens mostra o caminho
A ironia bem que te serviu
Sempre soube que não
estaria sozinho
Não me engana tua aparência
Eu vou atrás do teu real
Tu é muito mais que isto
Talvez um segredo abissal
Podes não perceber
Mas quando choves sem
cessar
É como da dor o lamento
Impossível de disfarçar
Minhas pegadas estão na
areia molhada
Aqui no mar somente tu e
eu
Enquanto pra ti sou alma
desgraçada
Pra mim tu és o refúgio
meu
Anseio em te conhecer
melhor
O bem que fazes me aproxima
de ti
Foi quando molhavas minhas
angústias
É que isto eu descobri
Meus passos já refaço
Te desistindo, te
abandonando
Paro por um momento
Está somente chuviscando...
Diga-me o que restou da tua
fúria
Do trovão que ecoa nos
mares e desertos
Se te questionar foi uma
injúria
Não vou me desculpar de
braços abertos
Te encaro num relance
Nos meus olhos, dois pingos
em cada um
Descem como a correnteza
furiosa de um rio
Mas serenos sem mal
algum
Agora eu sei, ó amiga chuva
Ao toque no meu rosto teus
pingos
Me trouxeram o que tu
jamais revelaste
Sempre sofreste sozinha,
não mais...
As lágrimas dos amores
perdidos
Não tocavam no chão
Pois pertenciam a este
mundo desconhecido
Fonte das tuas águas de
solidão
Além do que eu poderia
imaginar
É o amor verdadeiro que
trazes contigo
Tens o sofrer mas também
tens o amar
De almas como eu à busca
de um abrigo
Samuel Garcia
Samuel Garcia
Piratini, 18/09/2013
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