Estradas tortuosas estão à minha frente
O silêncio acompanha um tom diferente
Até as portas que levam à solidão
O rumo me toma pela mão
Tenho meu próprio mundo
Não respondo a primeiros ou segundos
Tenho meus próprios princípios
Ilusões desprovidas de vícios
Um homem sem igual
Talvez não seja natural
Sigo atrás da trégua há muito procurada
Onde minha verdadeira escolha faz sua morada
Farto estou de seguir essa direção
Tantos passos, tanto chão
E se o fim não levar a lugar nenhum
Serei dos desacreditados mais um
Por isso então questiono
É tão errado querer ser meu próprio dono?
Eu quero caminhar onde ninguém ousa pisar
Vencer desafios que ninguém ousa enfrentar
A estrada vai se tornando mais e mais confusa
À medida em que o forte vento de mim abusa
Seu assobio a cada segundo é mais estridente
Às vezes parece um pesadelo recorrente
Pela frente são pedras e buracos
Prontos para parar os mais fracos
Mas só eu sei quando meu trajeto irá acabar
Quando não tiver mais motivos pra sonhar
Já posso contemplar a solidão
O medo é a sua arma de destruição
Agora ela é minha única companhia
Pode ser que dela eu me desprenda algum dia
Sinto o cheiro repulsivo da derrota
Dos que caíram nessa mesma rota
Quem sabe não basta a força de vontade
Nem o fôlego e nem a coragem
Mas aqui estou debilitado, porém, em pé
Joguei-me desesperado nos braços da fé
Não posso afirmar se foi o que me salvou
O certo é que o meu corpo a tudo aguentou
Imundo, exausto e solitário
Agora provarei o contrário
Somos nossos próprios reis
Não somos “nós” e sim “vocês”
Somos únicos e originais
À parte de humanos não somos iguais
Não confundam semelhança com igualdade
Eu busquei e encontrei minha liberdade
São tantos os que desistem
Retornam ou se omitem
O prêmio é sermos quem quisermos
Sendo quem deveríamos ser somos eternos
Samuel Garcia
Piratini, 10/03/2014